Bon Jovi... nas ondas do mar, da Prainha Branca...

Todas prontas, lá vamos nós acampar na Prainha Branca, litoral sul de Sampa. De trem até a Estação Estudantes, trem velho daqueles do tempo de Dom Pedro I, muita bagunça. Depois pegamos uma van podre, caindo aos pedaços e fomos pela Mogi-Bertioga em alta velocidade, altas curvas, pensei "se não morrermos agora, não morremos tão cedo", pura adrenalina, quase cagamos dez quilos.

Chegamos já a noite, quando eis que a Luciana morena dá por falta da pochete, perdeu na van, e cadê a van? Já era. Lá estava todo o dinheiro pra passar quatro dias do feriado prolongado e seu óculos de sol da HD, ela frisou isso a viagem inteira. Desespero geral quando olho para o meu diário e vejo ele ensopado de tão molhado por algo que derramou da mochila de alguém por conta das curvas da van velha.

Enfim... convencido Luciana a não ir embora, mesmo porque ela estava lisa, leve e quase nua caso tivesse esquecido também a mala, e dizendo que faríamos uma vaca pra ela ficar acampada subimos a trilha. Chovendo, até um determinado ponto fomos de boa, quando chegamos no topo, várias pessoas caindo na lama (nessa época a trilha não era de cimento, o negócio era roots). Não pensamos duas vezes, se fomos devagar vamos cair então melhor já logo se jogar de bunda e... owhhhhhhh, escorrega. Chegamos lá embaixo cheias de lama. Mas felizes.

Camping do Sr. Alvaro, o penúltimo da praia. Uma placa dizia "Aqui não se grita ninguém dorme nem marijuana" raxamos o bico e lá vem ele, Sr. Alvaro, com a sua característica mais latente: a mancadinha, sem camisa e uma cor já empregnada de caiçara e nos resalta mais uma vez que naquele camping não se gritava aquelas palavras da placa e acrescenta "também não pode cheirar cola". Olhamos uma para a cara da outra e dissemos:

- Tudo bem, sem problemas, nós não usamos drogas!

No camping encontramos o Mico, o Denão e mais umas pessoas. Show de bola, foi daí que nasceu a expressão "centos reais" para indicar quando algo era caro demais. Nossa viagem foi só risada, vocês podem imaginar. Na época ainda não existia máquina digital, era de filme por isso nossos relatos da viagem estão todos revelados e detalhe roubamos vários filmes na Coop antes da viagem. Nós já tinhamos esse hábito desde adolescentes e ele prevalece.

A noite no rolê que faziamos até um bar e camping chamado "Laricas", encontramos mais pessoas conhecidas, quer ver as pessoas no feriado, era só ir pra Prainha Branca, até Sapatos estava lá. Bar lotado e de repente um dos caras começa a fazer malabares no meio da galera, joga pra cima, joga denovo, mais uma vez, e nós dando muita risada porque ele não sabia fazer mas estava se achando o cara, só faltou sair fogo de dentro da boca ou simplismente ele levar um bofetão de alguém mais irritado.

Encontramos também o sósia do Milton Nascimento, que vergonha, quando a Luciana loira o viu, saiu correndo ao encontro dele gritando:

- Miltão, você também veio!!!???

O cara ficou olhando pra cara dela sem saber o que dizer. Fiquei com medo dela apanhar também igual o cara dos malabares.

Levei meu radinho de pilha, nesse tempo não existia MP nada, só mesmo na China, e olha que ele livrou uma cara. Ficamos sabendo por ele que Cássia Eller havia morrido, ficamos estarrecidas e tristes a bessa. Escutando música, eis que começa a tocar uma música e eu gritei da barraca:

- Eu odeio Bon Jovi!

Alguém retrucou rindo:

- Kkkkkk.... Então você odeia Guns and Roses porque isso que está tocando não é Bon Jovi.

Foi então que percebi que eu odeio Bon Jovi e também Guns and Roses.

Contei essa história toda pra dizer que eu nunca iria no show do Bon Jovi que vai ter hoje em São Paulo e muito menos do Guns and Roses.

Camilla.